O dia é de silêncios. É gritante o som de suas vozes. Dói profundamente na alma. Ecoa em meus pra dentro. Eu tive forças para acordar, mas agora queria voltar a adormecer e não sentir o tempo passar. As luzes não acendem carícias em minha face, o Sol não ouve meu falar... dialogo com o silêncio, o vazio do espaço, o sozinho que hoje habita a janela do tempo profundo. O dia natalinou silêncios. É gritante o som de suas vozes...
sábado, 25 de novembro de 2023
Minha oração para o dia de hoje é que Deus abençoe a tua vida e te dê felicidades. E pedi a Deus que nunca te falte nada do que faz parte do cerne da tua vida. Nunca te falte nada do que é mais importante para você. E desejo que os dias que... que virão possam te acolher com doçura e te dar paz. E cada manhã você acorde lembrando que o maior presente nós temos, o maior prêmio é a Vida. É poder abrir os olhos de manhã e caminhas as horas do dia com verdade, com ética, com alegria por estar vivo. Eu não sei onde você está, mas imagino que esteja em algum lugar e com alguém e que não pode estar comigo... mas eu fui lá fora e olhei a montanha e vi tua face sobre ela e desejei que tua vida seja assim como uma montanha, forte, resistente, guerreira pra resistir às tempestades, aos ventos fortes, aos terremotos. E desejei que mesmo que eu estivesse te olhando à distância o meu olhar chegasse até você e tocasse tuas terras com amor pra que você soubesse que você é um homem muito amado
Sabe que a música ela... ela me transporta pra um outro mundo. Ela... às vezes ela me leva de volta pra infância quando eu ouvia os alto-falantes do cinema tocando as músicas mais lindas que tinha na época. E... eu não entendia as letras, mas a melodia ela... ela estava no meu sangue, ela estava nas minhas veias, ela me percorria inteira e eu sonhava mundos... Eu lembro que eu desenhava muito... eu... eu... desenhava sonhos de casas que eu queria ter, com escadas, com sacadas, com varandas, com janelões que dessem para um lago ou para uma montanha... Eu... criava mundos e... viajava dentro deles, morava dentro deles. Fazia um sol só pra mim e eu lembro que a minha alma cochichava os sonhos que eu tinha... Eu desenhava vestidos, vestidos como antigamente, desenhava vários modelos pra mim, os vestidos que eu tinha sonhos, que eu queria debutar. Eu nunca fiz isso, mas eu sonhei. Eu tinha sonho de princesa, de dançar. E eu ficava criando no meu quarto que só tinha uma cama e pregos na parede para pendurar a roupa... mas era suficiente pro meu coração de menina porque eu fazia o meu mundo, eu criava, desenhava tudo a lápis e daí inventava histórias e fazia meus cadernos de poemas e colava fotografias e escrevia os poemas, muitos deles aqui... poemas que eu também escrevia nas cartas e nem sei se são mesmo meus. Alguns que tinham minha assinatura do sobrenome eu sabia... Era das leituras... Eu lembro que o quarto tinha uma janela daquelas de vidro que você ergue, mas não tinha a parte de fora e eu tinha medo da luz, não podia entrar luz no quarto à noite, nem relâmpagos. Eu tinha medo. Então a mãe tinha de colocar roupas nas frestas, panos nas frestas e ela tinha uma cortina de um tecido... essa cortina tinha flores gigantes vermelhas. Era chitão o nome da fazenda. Só que não era suficiente. A mãe tinha de colocar panos mais pesados quando tinha chuva porque eu tinha medo do relâmpago. E hoje eu quero luzes na minha vida. E eu ouvia a música e a música morava na minha alma. É como se ela fizesse parte de mim. Eu era... tão triste... e tão feliz ao mesmo tempo. Triste porque eu não podia sair de dentro de casa, mal podia ir ao pátio da casa. E não tinha casas do lado, nem de um e nem do outro e nem de trás, nem na frente. Nossa casa era bem sozinha lá no morro. Só tinha casas mais longe... Então não tinha vizinhos, não tinha nada. Tinha o seminário, os padres. Eu e meu irmão íamos jogar tênis com os seminaristas, mas eles eram tão santos... então o pai deixava. Eu lia muito. Eu pegava livros na biblioteca todos os dias e no dia seguinte eu já estava devolvendo e pegando outro. Eu os devorava. Eu gostava de olhar o Atlas. Eu ia na biblioteca nos intervalos e ficava olhando o Atlas, escolhendo os países que eu queria visitar... Eu olhava as montanhas e cada dia um viajava para uma delas. Eu era tão sozinha. Ao mesmo tempo eu me bastava, porque eu criava mundos e navegava dentro deles. Até os 15 anos a única coisa que eu fazia além de ir na escola era teatro aos sábados. Aulas de teatro. E ia na casa de uma amiga buscar revistas (júlia, bianca, bárbara, sabrina). E eu lia. Me entregava à leitura e anotava as coisas, as palavras que me tocavam, que eu achava importantes... e o mundo ganhava matizes e cores e eu dançava num caleidoscópio de luzes como uma princesa... mas, chorava muitas vezes... porque eu criava um amor mas ele não existia... A poesia... já é... já era na minha alma naquele tempo... e eu amava... Eu era sozinha, mas eu me bastava...
Eu queria sentir o mesmo vento, cheirar o mesmo ar, olhar o mesmo pôr-do-sol, contemplar as mesmas montanhas, sentir a chuva no corpo, a mesma água que escorre em ti, em mim... eu queria sentir o perfume das flores, das plantas ao redor e escutar os sussurros do vento, e sentir ele levar o meu cabelo... tocar os teus lábios... Eu queria sentir os teus braços ao redor de mim, o teu queixo em cima da minha cabeça, os dois olhando o horizonte, felizes, seguros um com o outro... gratos... pela benção da vida, do amor, por estar juntos, perto...
quinta-feira, 23 de novembro de 2023
Talvez seja eu que teça minhas pausas ao desenhar a música da minha vida. Ouço seus sussurros na noite e me entrego à melodia do querer. Soam vozes de anjos entre o meu céu e o teu. Um diálogo entre nós dois na sintonia do tempo. Não sei mais caminhar para fora de mim porque em meu peito mora você, meu Amor, sempre - e eternamente - a me amar...
quarta-feira, 15 de novembro de 2023
Talvez eu seja esse grão de areia sendo levado pelas águas pra lá, pra cá, como num berço de balouçar despedidas... Sou a areia de minha própria ampulheta e deslizo pó para o lado onde o tempo se acumula em montanhas de puro sentimento. Minha voz perambula desertos em busca de oásis... mas me misturo ao próprio chão, como dele fizesse parte. Sou o vento de meu próprio voo, asas de meus sonhos - que ainda seguro nas mãos... enquanto os pés percorrem a pista de pouso tentando engrenar o voo...
E quantas vezes molhaste tua sombra nas águas de teu amor? E mesmo te sentindo pequena, mesmo te vendo sem asas para voar alcançaste voos inimagináveis com a palavra muda e articulada de teu coração. Voaste mares de horizontes e pousastes nos penedos e senhas da vida como um pequeno sabiá da terra, mas como um grande pássaro que soube construir seu ninho após os voos de migração. E hoje habitas o Paraíso e tuas asas sobrevoam o inimaginável, o incomensurável da divindade da vida e do amor.
Nunca rastejei, sempre voei alto como me pedias, pousei na roseira e colhi o néctar de meus próprios voos, desfrutei dos sentidos da minha alma, dos almejos do meu coração. Nunca tive medo de amar, nem de entregar o meu amor e, penso, era nesse voo que tua alma se inspirava. Quantas janelas saltei para o voo, quantas estradas percorri alucinada, quantos porões abertos, explícitos ao mundo... também à você. Fitei meus olhos, amei-me... conquistei-me em profundidade e nunca lamentei meu destino ou minha sorte quando o voo doía, quando a dor e o sangue das asas escorriam dos olhos e era você que as secava... me fazendo saber-me estrela, me ensinando a me sentir na imensidão, me incentivando a pousar sem querer nada (só entregando amor), comer meu cheiro, beijar meu gosto, abrindo as cisternas de meu querer para um sol que havia se escondido no céu, enquanto minhas asas ainda perambulavam o chão batido de minha corrida para o voo...
O pessimismo é latente quando nos deparamos com obstáculos à alma que nos parecem intransponíveis. Lutar contra marés de ondas gigantescas que se jogam contra tudo que acreditamos, sonhamos... é limitante... Olho minhas asas, salpicadas do sangue de seu próprio bater e as acho tão pequenas para voar por cima da quebração, por cima do medo e da angústia... É quando as algemas nas mãos e as grades nos olhos explicitam mais nossas fragilidades e onde, ou porque, nós perdemos as forças e as asas para voar... O não acreditar mais... é como essa onda que se joga contra o penhasco... não dá trégua às asas de um pequeno pássaro em voo de migração...
sexta-feira, 3 de novembro de 2023
É assim que busco viver: embriagada de vida e profundamente enraizada em meu próprio Ser. Se algo precisa ficar... que fique e faça diferença, faça por merecer... se algo precisa ir... deixa ir... melhor ficar sem... pois que já foi antes de partir... Importante que eu permaneça em mim, enraizada, amalgamada em meu próprio Ser.
Também já fui medo e caí em meus próprios abismos interiores ou pisei em armadilhas que eu mesma me fiz... Sei, oh, como sei, que minhas xícaras são sempre canyons profundos e que aparo os dormentes das linhas do meu trem com lixas de unha... Por isso, as cicatrizes são tatuagens para não esquecer que um dia fui medo, hoje sou coragem...
Eu me recordo: sou livre agora, porque, apesar do caos, da tempestade, não perdi o contato com o meu interior, comigo mesma, com minha essência. Posso ter me desconectado do mundo, me alienado das dores causadas, mas continuo em mim, em meu coração, em meu interior quente e acolhedor, me amando... e... à minha própria alma...
Alma canora - canta em silêncio em busca de um novo momento. Precisa submergir da escuridão. Retornar ao fôlego, ao respirar... Tatear a alma, contagiar a vida. Não é imune à dor, mas segue em frente, apesar de senti-la, do impacto do caos causado... ... estar em paz consigo mesma não tem preço. Só quem pode ter essa paz sabe como é...