E quantas vezes molhaste tua sombra nas águas de teu amor? E mesmo te sentindo pequena, mesmo te vendo sem asas para voar alcançaste voos inimagináveis com a palavra muda e articulada de teu coração. Voaste mares de horizontes e pousastes nos penedos e senhas da vida como um pequeno sabiá da terra, mas como um grande pássaro que soube construir seu ninho após os voos de migração. E hoje habitas o Paraíso e tuas asas sobrevoam o inimaginável, o incomensurável da divindade da vida e do amor.
Nunca rastejei, sempre voei alto como me pedias, pousei na roseira e colhi o néctar de meus próprios voos, desfrutei dos sentidos da minha alma, dos almejos do meu coração. Nunca tive medo de amar, nem de entregar o meu amor e, penso, era nesse voo que tua alma se inspirava. Quantas janelas saltei para o voo, quantas estradas percorri alucinada, quantos porões abertos, explícitos ao mundo... também à você. Fitei meus olhos, amei-me... conquistei-me em profundidade e nunca lamentei meu destino ou minha sorte quando o voo doía, quando a dor e o sangue das asas escorriam dos olhos e era você que as secava... me fazendo saber-me estrela, me ensinando a me sentir na imensidão, me incentivando a pousar sem querer nada (só entregando amor), comer meu cheiro, beijar meu gosto, abrindo as cisternas de meu querer para um sol que havia se escondido no céu, enquanto minhas asas ainda perambulavam o chão batido de minha corrida para o voo...
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