segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

Tocas a mim com tua voz de poema. O essencial que vive em ti voa até meu coração qual pássaro em manhã de gorjeio. É quando semeias tuas estrelas em minha alma, quando derramas a tua tinta azul de sentimentos em minha face. Quando o silêncio morre em ti, tua voz ressoa como os sinos nas torres da igrejinha da vila e faz ondas nas águas plácidas do lago da minha alma. Amanheces em meu peito como um ninho sussurrando florestas e os cochichos das fontes e rios que costuram cachoeiras de palavras ao pólen das flores que garlam o vento no ventre das primaveras e no silêncio das sementes que só você sabe cantar. 



domingo, 24 de dezembro de 2023

Talvez seja eu que precise me alimentar de paisagens, de meus próprios passos, montanha abaixo, à caminho do mar... Ser a voz de lírios a cantar pelos vales do sol, guerrilheira, assoviando versos nos barrancos ou nas montanhas ensolaradas do teu amanhecer. Meus dedos de poema plantaram sementes em tua primeira página azul de sentimentos. Era meu céu, sim, sendo tatuado em tua pele, como um minúsculo cometa disparando luzes por onde passou. Deixei pegadas em cada canteiro do jardim. Não havia mistério ou segredos que não desfiei, num rosário sem fim, a cada 9 horas do dia. E minha voz caiu em teu sangue e misturou-se a ti de modo que nossa almas se juntaram para nunca mais se separar. 



sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

 São essas lembranças as mais lindas e as mais doloridas. Quando vemos que podíamos ter aproveitado mais, muito mais do tempo. Podíamos ter vivido mais do que vivemos. O tempo que se falava passou... e a flor caminhou o chão para o céu que sonhou. Sempre houve espera nas horas. Tantas lágrimas que também se distraiam com o vento que soprava luzes na face. O banco no parque, o lago de lona, azul. O cheiro da grama, do café coado... O caminhar por entre a história antiga, os grilhões que prenderam os pés de tantas almas. E era essa alma que falava do tempo que havia para ser perdido... e que devia ser vivido para estar junto, sim, contemplar os cheiros das manhãs, sentir as brisas e seus lumiares no coreto da praça, o peito sempre em chamas, o amor sempre ardendo, o fogo sempre aceso, compartilhado na cumplicidade de duas almas no quotidiano do dia. Hoje aqui, ainda vive a prece nos olhos ao contemplar das montanhas, as linhas da vida nas mãos e o tempo... que ainda há... para caminho dos pés que não emudecem sonhos... 


Saudades tantas. Tanta falta você me faz amiga querida. Tanta falta. Falava com você todos os dias. Que anjos tem hoje a sorte de conviver com você? Que brilhe tua luz na eternidade do tempo e que encontres lá o teu amor querido, para que possam viver o amor que guardaram no peito. 



 Não sei amar sem alardes. O peito grita o sentimento aos sete universos de luzes. É que a alma tem voz e se expressa até pelo olhar. Então não sei amar sem alardes. Esbanjo cores e suas nuances tingem meus lábios para o beijo da vida. É assim que o amor se torna a expressão do divino em nós. Expressa o incomensurável sem limites do sentimento que é o nosso maior mistério e navega aquém das tentativas de descrevê-lo. É o sagrado em Nós... 

 Sempre teremos dias de muitas nuvens. Céus nublados, chuvosos. Aquelas nuvens cinzas que descem pelo ar e caem sobre nós em gotas, como quando os raios de sol nos tocam a pele translúcida de sonhos. É o céu querendo em nós morar. Habitar nossas grietas interiores e escrever poemas nas paredes de nossa alma. Para que possamos sempre olhar a Paisagem com amor e nela mergulhar. 

 E ele segue pela estrada ao sabor do vento. Ao seu lado uma estrela - deusa de sua vida. Que o sol ilumine seu caminho, que a lua lhe entregue o charme da noite para que viva seus dias de felicidade. Eu? Estou sempre aqui. Na janela do tempo profundo, espiando o mundo falar e as palavras calarem fundo em meu peito para justificar a chuva na pele das minhas pétalas aveludadas de vida. E brindo a vida! enquanto escorrem laivos da emoção no cálice do tempo que ainda tenho em minhas mãos...

 Talvez eu seja mesmo sonhadora, romântica, calando a voz no céu da boca, mas deixando arder os sentidos, não podendo calar o sentimento. Em meu dicionário as palavras existem assim, doloridas, pungentes, coloridas, felizes... Eu tentei calar a vida, mas nunca consegui. Ela pulsa em mim, em meus pra dentro como um véu que se estende sobre as florestas encharcando a sede de suas raízes. E a Rosa se foi, suas pétalas tombaram, mas suas sementes galgam o tempo e me falam para não esquecer de brindar a vida, para viver um emocionante tempo, mesmo que seja assim, como sempre vivi... numa nota só...  fazendo valer cada tempo, cada minuto, cada segundo, como se não houvesse um amanhã... 

O silêncio do Vento sopra o tempo para distâncias que tecem um abismo entre o ir e vir das luzes nos olhos. O verde musgo deixa cair a chuva que escorreu em sua pele ardida. Sempre houve partilha e sentimentos porque se ama a qualquer tempo. E o Tempo se faz Sol, se faz a terra da Montanha abraçada pela névoa. Não há como fazer um desenho para as palavras enraizadas no peito. São tão profundas, tão intensas. Por isso, se embolam na garganta, se enrolam como fios no pensamento... tempestade em mar plácido e de águas quentes. Sinto! E para isto que são as palavras. Para serem sentidas. Mesmo que o silêncio do Vento sopre o tempo para distâncias que tecem um abismo entre o ir e vir das luzes nos olhos. Fica o som do silêncio do Vento que soprou... e o sonho de que as luzes voltem nas ondas de tépidas brisas e se faça tempestade em águas quentes de um Mar que navega - eterno - em meus pra dentro.   







segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

E a pequena ave sempre se achou em seus pra dentro. Percebia-se. Conhecia-se. Profundamente. Olhava suas asas miúdas, pequenas, quebradiças, frágeis... Via o céu, sabia-o grande, imenso. Precisava escolher... Assim, assim: nem céu... nem chão... migrou para dentro de si mesma... "bem lá dentro", onde ainda se achava... 


 

E a memória dos sentidos traz um poema "que ainda força um peito". Eu compreendo a tua dor. O quão difícil foi a despedida - sem reservas, intensa. O despedaçar cotidiano do coração. Os ecos dos soluços involuntários. O choro sem lágrimas, para esconder do mundo o sentimento. Chorei por ti no teu silêncio. Desaguei palavras para te expressar. A dor forçando teu peito, fazendo do último abraço - indigente... enterrando-te dentro de si mesma. Nunca houve um adeus que te fez despedir-se dele. Houve um abandono - um deixar ir... "por ser amor e para o amor"... 


 A saudade continua desenhando sonhos minha amiga. Continua costurando universos, ligando mundos e transcendendo o espaço para a vivência do amor. Lá dentro? O mundo é intenso. Os sentimentos se atropelam - sempre sendo o que são, sem juízo, enlouquecidos em seus sentidos, em sua completude. Cada um quer chegar mais rápido ao Destino. Entregar-se, num verso, num poema, numa melodia que vai, cada dia, escrevendo mais um pedacinho da história, rabiscando mais um sentimento no papel em branco, preenchendo as linhas, se atirando nas margens e por elas se embrenhando na busca de explicitarem o todo que navega em meus pra dentro. Já não há mais indiferença do Sol. Já não há mais distância, mas ainda beira a saudade do que mais poderia ser, do que será... 


queria que estivesses aqui. Queria ver tua alegria ao contemplar a minha. Tua felicidade ao ver o meu coração apaixonado tão feliz. 


Já passou aquele vento desatento, o grave abandono, o esquecimento. As preces que contornavam os lábios e dobravam as mãos fechando os olhos foram ouvidas. O vento trouxe a brisa, a força... que agora abrem os olhos e dentro o peito se fazem luz e proteção. Escancaro a liberdade de amar. E acolho as gotas que caem e suprem a necessidade vital de ofertar ao mundo, generosamente, a emoção. A fome dos sentidos continua acesa... fogo inextinguível... que se perpetue na busca dos corações que se amam e se entregam à vivência desse amor! 



sábado, 9 de dezembro de 2023

 Sempre há tanta vida brotando de mim. E as palavras não reconhecem sua grandeza. Viver é essa imensidão que me toma e faz alcançar o céu com a mão. Perceber o fio que nos sustém, a potência condutora e orquestradora da nossa vida é, sem dúvida, uma habilidade que nos é dada pelo tempo. A.dor.meço meus demônios e me deixo conduzir pelo Amor. Não há fórmula para se viver, mas há o aprendizado que me fez ser grata pelo 'simples' poder amar. 



Não me ponho fora de mim, mas me plantei dentro de ti e por isso vivo esse querer ir junto, essa beleza do encontro que nunca se distancia... embora o pensamento me leva à inquietude e às sem respostas das perguntas, um delírio que inquire o tempo e sua passagem. O equívoco não está em "ver a vida passar", mas em deixar a vida passar com os sonhos nas mãos. Sim, há um hoje pra ser vivido, um Agora para se viver. E o Amanhã também. 


 Talvez eu esteja, nesse exato momento, contemplando o ponto cego da minha retina. Aquele espaço-lugar da vida em que você não consegue visualizar mais nada. Você olha e não vê o que a vida lhe mostra, não ouve o que o vento lhe sussurra, não percebe a luz do Sol ou o brilho da Lua ou o caminho dos cometas e o brilho das estrelas. Talvez de tanto buscar a zona que lucida, que apresenta o que a vida tem pra mim eu me perdi na floresta e viva o instante da minha zona de cegueira. Mesmo sabendo que não há luz sem escuridão, nem, como diz o filósofo "não há elucidação sem sem sombra"* me percebo mergulhada num areal em que não consigo compreender e minha mente só pergunta: por quê? Não tenho resposta, nem um eco dela... Ou, talvez tenha e eu esteja, nesse exato momento, contemplando o ponto cego da minha retina.

 Nem sempre é possível frequentar o som que sai de nossa própria alma... Nasce no estopim das emoções e, por meio de gestos ocultos ou não, abre asas e alça voo nos céus que sopram fora de nós... Como sintonizar a frequência, ajustar os controles se o som do coração e a alma já não faz mais parte de mim, mas do mundo? É como o poema a melodia que toca... Ganha o espaço fora de mim e já não é mais meu, é teu, é nosso...



O mundo sempre foi mais sombrio do que a lógica das superações, do movimento e da mudança. Para superar-se é necessário esse movimento dialético constante onde uma força sobrepõe-se à outra ascendendo ao espaço e por ele tecendo um novo tapete para os pés. É quando a caixa vira e tudo se derrama, caos, rumores, apertos... E é no silêncio da poeira dessas horas tardias que o real traz a concretude de todas as aspirações, o novo que cabe dentro da caixa. Desengaveta-se a cor, o peso e o cheiro dos sonhos, as ideias e ideais para que os olhos não passem mais os dias espiando a vida pelas frestas. 


 Quero esse olhar novo, esse olhar desdobrado que vê tudo como se estivesse vendo pela primeira vez. Esse olhar que faz esquecer o que não nos faz bem e descobrir o que nos impulsiona para seguir em frente com esperança e no amor e felicidade acreditar. 

Também quero mãos que me abraçam, olhos que me caibam e um coração faça parte de forma inteira, completa a ponto de se misturarem as vidas e as digitais que nos dão identidade se confundirem numa só. É esse querer de coisas simples... para quando os momentos de escuridão chegarem e as fragilidades se desvelarem eu sempre poder viver a verdade, a esperança que coloca em nosso caminho, em nosso horizonte a felicidade e a certeza de que o caminho para tudo é o Amar!

Quem está dentro está sempre perto, junto. Caminha na beleza desse ser um só, dessa conexão transcendente e profunda. É o sonho acalentado: que todas as distâncias sejam dirimidas, as geográficas e as do coração. Só assim se vive a alegria plena, a felicidade dos sentires em toda sua grandeza e completude. 

Não há como abrandar sentimentos. Eles são. E como são são vividos. Em toda sua força e expressão. Os olhos se olham e, olhando-se, se descobrem em cada sentir experienciado, em cada sentimento que dança livre dentro do peito e transborda pelas beiradas dos olhos, pelos movimentos emudecidos dos lábios e do coração. Habituar-se a se olhar e olhando-se se permitir descobertas é o que nos faz saber mais sobre nós mesmos, sobre quem somos só para nós mesmos, na profundidade de nossa essência, do nosso ser. 

Permitir-se se olhar e olhando-se conseguir visualizar o desconhecido em nós, navegar em ventos contrários - admitindo a existência de nossas profundas contradições, ziguezaguear no indizível - mas que tanto se pede para vir à superfície, surfar nas ondas do tempo desenhando o esboço de novos caminhos para os pés, fazer a releitura do que está escrito nas paredes de nossas cavernas interiores, conferir as anotações nas margens das páginas, as tintas que tingem o que consideramos importante, as nuances de nosso próprio ser - em seus princípios: de identidade e de contradição... É a dialética da vida que a si mesma se faz para conquistar o que diz o filósofo "eu sou e não sou quem eu sou"*.


sábado, 25 de novembro de 2023

O dia é de silêncios. É gritante o som de suas vozes. Dói profundamente na alma. Ecoa em meus pra dentro. Eu tive forças para acordar, mas agora queria voltar a adormecer e não sentir o tempo passar. As luzes não acendem carícias em minha face, o Sol não ouve meu falar... dialogo com o silêncio, o vazio do espaço, o sozinho que hoje habita a janela do tempo profundo. O dia natalinou silêncios. É gritante o som de suas vozes... 

 Minha oração para o dia de hoje é que Deus abençoe a tua vida e te dê felicidades. E pedi a Deus que nunca te falte nada do que faz parte do cerne da tua vida. Nunca te falte nada do que é mais importante para você. E desejo que os dias que... que virão possam te acolher com doçura e te dar paz. E cada manhã você acorde lembrando que o maior presente nós temos, o maior prêmio é a Vida. É poder abrir os olhos de manhã e caminhas as horas do dia com verdade, com ética, com alegria por estar vivo. Eu não sei onde você está, mas imagino que esteja em algum lugar e com alguém e que não pode estar comigo... mas eu fui lá fora e olhei a montanha e vi tua face sobre ela e desejei que tua vida seja assim como uma montanha, forte, resistente, guerreira pra resistir às tempestades, aos ventos fortes, aos terremotos. E desejei que mesmo que eu estivesse te olhando à distância o meu olhar chegasse até você e tocasse tuas terras com amor pra que você soubesse que você é um homem muito amado

 Sabe que a música ela... ela me transporta pra um outro mundo. Ela... às vezes ela me leva de volta pra infância quando eu ouvia os alto-falantes do cinema tocando as músicas mais lindas que tinha na época. E... eu não entendia as letras, mas a melodia ela... ela estava no meu sangue, ela estava nas minhas veias, ela me percorria inteira e eu sonhava mundos... Eu lembro que eu desenhava muito... eu... eu... desenhava sonhos de casas que eu queria ter, com escadas, com sacadas, com varandas, com janelões que dessem para um lago ou para uma montanha... Eu... criava mundos e... viajava dentro deles, morava dentro deles. Fazia um sol só pra mim e eu lembro que a minha alma cochichava os sonhos que eu tinha... Eu desenhava vestidos, vestidos como antigamente, desenhava vários modelos pra mim, os vestidos que eu tinha sonhos, que eu queria debutar. Eu nunca fiz isso, mas eu sonhei. Eu tinha sonho de princesa, de dançar. E eu ficava criando no meu quarto que só tinha uma cama e pregos na parede para pendurar a roupa... mas era suficiente pro meu coração de menina porque eu fazia o meu mundo, eu criava, desenhava tudo a lápis e daí inventava histórias e fazia meus cadernos de poemas e colava fotografias e escrevia os poemas, muitos deles aqui... poemas que eu também escrevia nas cartas e nem sei se são mesmo meus. Alguns que tinham minha assinatura do sobrenome eu sabia... Era das leituras... Eu lembro que o quarto tinha uma janela daquelas de vidro que você ergue, mas não tinha a parte de fora e eu tinha medo da luz, não podia entrar luz no quarto à noite, nem relâmpagos. Eu tinha medo. Então a mãe tinha de colocar roupas nas frestas, panos nas frestas e ela tinha uma cortina de um tecido... essa cortina tinha flores gigantes vermelhas. Era chitão o nome da fazenda. Só que não era suficiente. A mãe tinha de colocar panos mais pesados quando tinha chuva porque eu tinha medo do relâmpago. E hoje eu quero luzes na minha vida. E eu ouvia a música e a música morava na minha alma. É como se ela fizesse parte de mim. Eu era... tão triste... e tão feliz ao  mesmo tempo. Triste porque eu não podia sair de dentro de casa, mal podia ir ao pátio da casa. E não tinha casas do lado, nem de um e nem do outro e nem de trás, nem na frente. Nossa casa era bem sozinha lá no morro. Só tinha casas mais longe... Então não tinha vizinhos, não tinha nada. Tinha o seminário, os padres. Eu e meu irmão íamos jogar tênis com os seminaristas, mas eles eram tão santos... então o pai deixava. Eu lia muito. Eu pegava livros na biblioteca todos os dias e no dia seguinte eu já estava devolvendo e pegando outro. Eu os devorava. Eu gostava de olhar o Atlas. Eu ia na biblioteca nos intervalos e ficava olhando o Atlas, escolhendo os países que eu queria visitar... Eu olhava as montanhas e cada dia um viajava para uma delas. Eu era tão sozinha. Ao mesmo tempo eu me bastava, porque eu criava mundos e navegava dentro deles. Até os 15 anos a única coisa que eu fazia além de ir na escola era teatro aos sábados. Aulas de teatro. E ia na casa de uma amiga buscar revistas (júlia, bianca, bárbara, sabrina). E eu lia. Me entregava à leitura e anotava as coisas, as palavras que me tocavam, que eu achava importantes... e o mundo ganhava matizes e cores e eu dançava num caleidoscópio de luzes como uma princesa... mas, chorava muitas vezes... porque eu criava um amor mas ele não existia... A poesia... já é... já era na minha alma naquele tempo... e eu amava...  Eu era sozinha, mas eu me bastava... 

Eu queria sentir o mesmo vento, cheirar o mesmo ar, olhar o mesmo pôr-do-sol, contemplar as mesmas montanhas, sentir a chuva no corpo, a mesma água que escorre em ti, em mim... eu queria sentir o perfume das flores, das plantas ao redor e escutar os sussurros do vento, e sentir ele levar o meu cabelo... tocar os teus lábios... Eu queria sentir os teus braços ao redor de mim, o teu queixo em cima da minha cabeça, os dois olhando o horizonte, felizes, seguros um com o outro... gratos... pela benção da vida, do amor, por estar juntos, perto... 

quinta-feira, 23 de novembro de 2023

Talvez seja eu que teça minhas pausas ao desenhar a música da minha vida. Ouço seus sussurros na noite e me entrego à melodia do querer. Soam vozes de anjos entre o meu céu e o teu. Um diálogo entre nós dois na sintonia do tempo. Não sei mais caminhar para fora de mim porque em meu peito mora você, meu Amor, sempre - e eternamente - a me amar... 

O tempo passa e anuncia que a roda da vida continua a girar. Não entendo das lacunas do tempo. Nem compreendo as escolhas de um sol que nasce todos os dias para mim, mas beija outras flores do jardim. Queria destacar silêncios, mas vivo entre reticências que dele querem dizer... Falo pelas arestas e me rascunho em margens de poemas que não sei mais ler. A mudez desce pelos laivos dos rios nascidos na face. Olhar o vazio e compreender que se está dentro dele, num mundo cinza de cor enquanto se dança a vida no espaço da vacuidade do tempo, na janela do tempo profundo, onde a luz é o Amor e as suas cores as mãos que acariciam o coração e a alma embevecida de sonhos. 

quarta-feira, 15 de novembro de 2023

Talvez eu seja esse grão de areia sendo levado pelas águas pra lá, pra cá, como num berço de balouçar despedidas... Sou a areia de minha própria ampulheta e deslizo pó para o lado onde o tempo se acumula em montanhas de puro sentimento. Minha voz perambula desertos em busca de oásis... mas me misturo ao próprio chão, como dele fizesse parte. Sou o vento de meu próprio voo, asas de meus sonhos - que ainda seguro nas mãos... enquanto os pés percorrem a pista de pouso tentando engrenar o voo...

E quantas vezes molhaste tua sombra nas águas de teu amor? E mesmo te sentindo pequena, mesmo te vendo sem asas para voar alcançaste voos inimagináveis com a palavra muda e articulada de teu coração. Voaste mares de horizontes e pousastes nos penedos e senhas da vida como um pequeno sabiá da terra, mas como um grande pássaro que soube construir seu ninho após os voos de migração. E hoje habitas o Paraíso e tuas asas sobrevoam o inimaginável, o incomensurável da divindade da vida e do amor.


Nunca rastejei, sempre voei alto como me pedias, pousei na roseira e colhi o néctar de meus próprios voos, desfrutei dos sentidos da minha alma, dos almejos do meu coração. Nunca tive medo de amar, nem de entregar o meu amor e, penso, era nesse voo que tua alma se inspirava. Quantas janelas saltei para o voo, quantas estradas percorri alucinada, quantos porões abertos, explícitos ao mundo... também à você. Fitei meus olhos, amei-me... conquistei-me em profundidade e nunca lamentei meu destino ou minha sorte quando o voo doía, quando a dor e o sangue das asas escorriam dos olhos e era você que as secava... me fazendo saber-me estrela, me ensinando a me sentir na imensidão, me incentivando a pousar sem querer nada (só entregando amor), comer meu cheiro, beijar meu gosto, abrindo as cisternas de meu querer para um sol que havia se escondido no céu, enquanto minhas asas ainda perambulavam o chão batido de minha corrida para o voo...

O pessimismo é latente quando nos deparamos com obstáculos à alma que nos parecem intransponíveis. Lutar contra marés de ondas gigantescas que se jogam contra tudo que acreditamos, sonhamos... é limitante... Olho minhas asas, salpicadas do sangue de seu próprio bater e as acho tão pequenas para voar por cima da quebração, por cima do medo e da angústia... É quando as algemas nas mãos e as grades nos olhos explicitam mais nossas fragilidades e onde, ou porque, nós perdemos as forças e as asas para voar... O não acreditar mais... é como essa onda que se joga contra o penhasco... não dá trégua às asas de um pequeno pássaro em voo de migração... 

sexta-feira, 3 de novembro de 2023

 Aquietar. Respirar. Aquietar a alma... Depois seguir em frente: sem olhar pra trás...

 Sou alma livre porque não carrego ódio ou raiva dentro de mim... o amor é lenitivo de minha vida...

 Nada impedirá que o arco-íris nasça em mim...

 É assim que busco viver: embriagada de vida e profundamente enraizada em meu próprio Ser. Se algo precisa ficar... que fique e faça diferença, faça por merecer... se algo precisa ir... deixa ir... melhor ficar sem... pois que já foi antes de partir... Importante que eu permaneça em mim, enraizada, amalgamada em meu próprio Ser. 

 Também já fui medo e caí em meus próprios abismos interiores ou pisei em armadilhas que eu mesma me fiz... Sei, oh, como sei, que minhas xícaras são sempre canyons profundos e que aparo os dormentes das linhas do meu trem com lixas de unha... Por isso, as cicatrizes são tatuagens para não esquecer que um dia fui medo, hoje sou coragem... 

 Não se apresse alma minha... Quero olhar as aves do céu e os lírios do campo com olhos sem pressa... com olhos de pausa... para que cada dia vivido tenha sentido... para que meus olhos possam falar do que viram, do que tenham vivido... 

 Sim... sim... algumas coisas foram feitas para ensinar, não para ficar... 

 Eu me recordo: sou livre agora, porque, apesar do caos, da tempestade, não perdi o contato com o meu interior, comigo mesma, com minha essência. Posso ter me desconectado do mundo, me alienado das dores causadas, mas continuo em mim, em meu coração, em meu interior quente e acolhedor, me amando... e... à minha própria alma...

 Amo o som dos meus passos quando caminho dentro de mim... Conheço minhas estradas... meus pra dentro... e sei que, ainda, existem vielas à descobrir... 

 Não é o silêncio um calar de palavras... o calar pode significar que, apesar do caos exterior, dentro reside a paz... o espírito não se deixou conturbar... 

 Alma canora - canta em silêncio em busca de um novo momento. Precisa submergir da escuridão.  Retornar ao fôlego, ao respirar... Tatear a alma, contagiar a  vida. Não é imune à dor, mas segue em frente, apesar de senti-la, do impacto do caos causado... ... estar em paz consigo mesma não tem preço. Só quem pode ter essa paz sabe como é... 

quinta-feira, 12 de outubro de 2023

 É como me sinto. Papel desbotado, molhado de lágrimas e pelo descaso e indiferença... Sou a sobra que é colhida quando o fruto do pessegal nega sua seiva. Sem sumo, sou resgate de palavras. Deleita-se a alma com a dor pungente nos rascunhos deste papel desbotado e sujo...

 Me desfaço em sentimentos que não os desenho prá fora daqui...

Não me desfaço em sentimentos. Sou em essência o sentimento. O desenho em mim, tatuado à pele do coração para que almeje o ar, o céu, o firmamento e voe por entre as estrelas como um cometa em fuga de si mesmo, desfazendo-se em luz no céu, num rastro que vai se apagando... apagando... até de si... 

Se minhas palavras te tocam beba-as. Sorva do cálice de remédio ou venenos que fluem de dentro deste coração desvairado, louco por amar e derramar lágrimas por sua ousadia...

Deixa-te levar pelo som da emoção, pela estrela que mora num olhar, pelas palavras ou pelo batuque do peito que percute doce e veloz. É a dádiva da vida que flui no sangue que pulsa e não permite que o coração seja apenas um músculo desativado do corpo. 

Sei que me sentes, sempre soube. Mas calei por não entender o presente da partilha de um coração em dois, quando no meu peito dois habitam juntos somando um. Na matemática da vida inverteu-se a lógica do bater do coração. Hoje a máquina bombeia e controla da carne o pulsar. 

Sempre cometi enganos. Equívocos fizeram meu nascer como estrela num jardim de flores, cardos e espinhos. Mas sempre soube o que trago dentro do peito e também para quem dizer. Sempre disse só a um - como ainda digo -, mas sim, o outro entendeu errado... e quem devia entender, não entendeu, ou entendeu e não aceitou...

Também tenho esse dom de agir impulsivamente. Sou reagente e não creio um dia mudar. Mas não me envergonho de minha tolice. Acato o impulso para escrever o que assim não diria... meus dedos são mais rápidos do que o músculo da minha língua... e conhecem melhor o todo do meu sentimento. 

Sim, doem... e como doem os ouvidos no silêncio de dor... no silêncio tão profundo, gravado na alma, onde só os olhos falam e expelem a tristeza causada... e sim, "tantos loucos e outros ternos sentimentos". 


sábado, 7 de outubro de 2023

 Eu estou aqui, no lugar de sempre, no meu espaço caseiro de amar. Eu também me pergunto onde você está, com quem. Que lábios beija agora, que mãos segura para caminhar e sentir o vento em tua face. E fico imaginando que minha solidão se faz eterna num mundo que é dividido por uma tela de cristal, mesmo sendo ela que nos une. Nossas vidas são separadas. Nosso coração é um só, nossas almas estão ligada permanentemente, eternamente, mas nossos corpos não se encostam, não sentem o calor um do outro, não se encontram no tablado da realidade da vida. Fico imaginando, em meio à dor, outras mãos tocando teu corpo, outros olhos olhando para os teus com desejo, com ternura, com amor... E minha alma chora nunca ter vivido em sua plenitude o amor que há tanto e tanto tempo a habita. Para você pode ser Por Agora a viver o amor incessante, mas em mim já o vivo há trilhões de anos. E nunca o neguei. Sempre o acalentei e entreguei à você, mesmo você não o querendo, não o percebendo, não o reconhecendo, não dando significado ou importância a ele. Esse Por Agora é só teu. Para mim é Desde Sempre, De longa data, ancestralmente... 

Não sei que ventos lhe tocam a face, se o vento das marés e do mar, o vento das montanhas, o vendo de uma janela no alto de uma torre em algum lugar do mundo. Aqui não há vento. Apenas o silêncio de minha casa, a música tocando baixinho e meu coração atribulado de angústias, ansiedades, saudades e perguntas sem respostas sobre este amor virtual, esse amor sem toque, esse amor sem presença, sem tua face para o acariciar de minhas mãos, sem teu corpo quente e perfumado junto ao meu... 

É nestes momentos em que penso em desistir. É nestes momentos em que penso que o tempo que passou é tão longo, tão dolorido e nada mudou... que a esperança de que venha a ser diferente do que é hoje se esvai com a lágrima que escorre farta dos olhos. 


quinta-feira, 5 de outubro de 2023

 Um silêncio se derrama sobre o cílio dos olhos. Um olhar adormecido de sentimentos por nuances que se desenharam no emaranhado dos dias. É preciso silenciar para tentar compreender o medo de perder, o medo de não ser dona de nada a não ser do tempo que passou. O medo mais profundo é aquele que me veste os pensamentos de que teu amor não é meu, mas de outra mulher e que a mim só a poesia é amada. O medo de nunca tocar você, de nunca ter o beijo sonhado em meus lábios, de nunca sentir teu olhar de amo em minha face, em meus olhos... me dizendo: sou teu! só teu!. É esse medo que me grita para desistir agora para não sofrer mais amanhã.. É esse medo que me diz: Maria, nunca o terás! Ele pertence a outra e já te deixou bem claro isso.  São essas coisas que me passam o peito, que me transpassam e mente, que não tem me deixado falar, que não tem me deixado escrever. 

Eu tive medo de falar com você porque tive medo de ouvir você me dizer que ama a Jana. E eu sei que você não teria brigado comigo como brigou se não fosse isso. E tenho medo que eu precise abandonar tudo, parar de escrever, parar de te ver na telinha, parar com tudo, ir embora pra outro mundo, outro lugar para não sofrer. 

Eu tive medo de falar com você e ouvir você me dizer mais uma vez o que já me disse: não vai ter um relacionamento, minha vida é com a Jana. E então eu ter de tomar a decisão de nunca mais te escrever, nunca mais te ver, nunca mais falar com você, sair de tua vida de todas as formas para não sofrer. 

Meu silêncio, meu estar quieta, sofrendo, chorando, pensando, refletindo é pra ter coragem de tomar essa decisão. 

O meu silêncio é o medo de continuar desse jeito mais 10 anos, mais 20 anos, ou ano nenhum... eu não quero mais isso pra minha vida. Não é mais suficiente depois de tudo, depois de te ver, de te saber ali tão perto, mas ao mesmo tempo tão longe de meu toque, de minhas mãos. De te saber na torre de meu subsolo e não poder abraçar, beijar, tocar...  É muito dolorido. Muito.  

O meu silêncio é porque sei que preciso tomar uma decisão e preciso ser forte para isso. E não vejo força em mim. Me vejo tão pequena, tão, tão, impotente. 

sábado, 23 de setembro de 2023

Que meus olhos se fechem e meu corpo pare de respirar... uma prece sentida, chorada, magoada. Uma prece sozinha, triste, dolorida. Uma prece de um coração que está cansado. Que já parou de bater tantas e tantas vezes. Se for possível, por favor, que meus olhos se fechem e meu corpo pare de respirar.

sábado, 2 de setembro de 2023

 Meu plano de voo também era voar. E voei... asas abertas e flanantes. Fui condor por sobre as montanhas e pousei flor e suas rochas. Fiz um ninho e desejei que o sonho nunca acabasse... 

 Quando a chuva me lavar e o vento soprar minhas mudas vou dobrar no tempo (Rose Rocha)


Que tuas pétalas estejam adornadas pela água da chuva e o vento soprando tuas sementes para garlarem o céu a dobrar tuas mudas no tempo...

 


Quantas leituras da alma e desse coração palpitante de dor. Quantas leituras ditas e compartilhadas na tela da vida. O amor guardado no seguro do peito, no escondidinho do coração. Eu vi a brasa acesa no peito a sentir até o sopro do ar que acabou. E também vi a força do amor que ficou, a dor que fortaleceu a memória dos sentidos. Ainda sinto a vida em ti...


Sempre foi um lugar de sonhos possíveis. Tecidos com amor dedilhavam vida em cada palavra semeada na árida terra. Sim, plumava instantes mágicos, olhares que se viam nas distâncias e nos silêncios que se faziam milhares no terçar desta longa jornada de viver o amor. E, como ainda hoje - e Agora em sua plenitude -, as mãos se tocavam, os olhos se fitavam, os lábios se tocavam e beijavam. A magia deste momento único é impar também no Agora. Fascinante a entrega, sem truques o viver. Tudo tão simples e cativante. Sim, ainda há vida!. Ainda há um muro de pedras, mas não faz limite ou fronteira, tece uma ponte entre entre a pétala da flor e o cume da montanha alada. E podes ainda ver a beleza dos corações, os gestos doces e as pegadas de amor nas trilhas desse lugar. Está lá o belo do meu coração, o partilhar dos meus sonhos... os que consegui sonhar... E os teus olhos viram os meus... 

Também senti o perfume das flores por entre os ramos dos cedros ou nos galhos dos cafezais. É que o peito carrega florestas dentro suas cavernas e abarca sentimentos de varandas cujas florescências caem pelas umbrais desenhando um rastro de ternos afagos de um coração acolhedor. 

 Nem sempre é possível encurtar a distância da porta de casa às calçadas. Faltam braços que acolham, falta braços. Ou existem, mas se encontram amordaçados pela venda dos olhos. E fica o descuido, o abandono enquanto o mar segue jogando ondas  que se espatifam contra os rochedos ou a vida segue pulsando a dor em pequenos barcos que navegam apinhados de sonhos e afundam no mar insano. Não sei, não sei... Não sei se ainda há olhos... se ainda há braços... Onde o laço que abraça? Onde? 

terça-feira, 22 de agosto de 2023

Não são nossas incertezas que questionam a sombra e a luz. Também não recebemos uma resposta da vida a cada momento vivido. As respostas somos nós que construímos quando não abrimos mão de nossos sonhos. Sei o que é ser cobrada por mastigar horizontes e mergulhar no desejo de alcançá-lo. É que desejo ardentemente a vida e a Vida é você. Por isso, não sei buscar o equilíbrio. Aspiro tempestades, sou rainha de desastres. É que junto cacos para tecer meus mosaicos e retalhos para desenhar um poema de porta batendo e passos fugindo pelas escadas do céu em busca de uma voz que me peça pra ao seu lado, na janela do tempo profundo, ficar!

 poesia em verdade tem o calor da emoção que não calou no peito,

tem um sol de paixão a 'quarar' os sentidos da vida…"


Que não calou o peito. Que se fez sol de paixão à quarar sentimentos. Como as roupas deitadas nas pedras quentes e molhadas do rio. Se deixam cozinhar em fogo para a translucidez dos fios.  É tênue o espaço que separa dois pares de olhos que se entrelaçam em dor... É tênue o tempo... que passa... é triste o silêncio que o poeta sugere em sua despedida. Há carcalhos entre as folhas que descem a água do rio e se encaixam na malha de fios tecidos sobre as pedras afiadas dessa flor-espinheira...


 Não é um barco a navegar, nem rio. É Mar!. E arrebenta no peito! 


Tudo pulsa forte! Tudo bate compulsiva e absurdamente forte. Não há luz que possa ser lançada quando o sentimento se cala e absorve a escuridão. Não tenho visto as cores da vida dançarem. Não enxergo mais as flores coloridas no parador da eletrola no corredor. Nem ouço mais o vinil rodando a minha melodia preferida. É que pulsa forte a erva de espinheira-santa. É cortante o seu espinho. Folhas afiadas e dilacerantes que me foram entregues no findar do dia. Uma palavra ("foi por isso que a Janaína me deu") e o mundo descambou numa enxurrada de dor, um desastre, um evento cujos danos se perpetuam no tempo... Tudo pulsa forte!

 É que a alma precisa explodir num magma efervescente, numa tragédia muda, espancar os muros com os punhos do coração para que desfaleçam todas as dores e sejam dirimidas todas as decepções e a a crueldade da vida se desfaça em cacos de sangue na calçada... E se misturo tudo nessa centrífuga da alma, se4 cravo os pregos na parede de meus pra dentro para que a dor lateje e lateje e sangre, sangre... e sangre inalcançável dos olhos, do corpo, da alma... Não dedilho afinidades. Não sei mais de teu sofrimento. A paz te alcançou na eternidade. Mas eu continuo aqui, sempre surpreendente em mais um mergulho na dor profunda e lacerante, com as palavras brotando dos poros, sozinhas, em gotas, aos trambolhões, tsunamis afiadas e cortantes... nessa feroz enxurrada que nunca se cala. Continuo dizendo tudo e querendo mais do que palavras...   

quarta-feira, 9 de agosto de 2023

 Querido filho, eu te amo... 

Não tenho palavras para falar da dor que me toma a alma quando teu nome bate forte no meu coração. O peito dói ao viver a tristeza e a dor destes dias. Talvez você nunca irá ler essa carta. Mas eu preciso escrevê-la para que as lágrimas possam desenhar nossa história em minha face e marcar os laivos da dor vivida. Nunca imaginei, sequer pensei que um dia ouviria de meu filho as palavras tão doloridas e fortes que ouvi de você nos últimos tempos. Ainda não sei depurar essa dor. Ela está engasgada em algum lugar e teima em não subir pela tampa do poço em ebulição e dor. É como se o sangue parasse de pulsar em minhas veias, como se a vida perdesse o sentido... e eu não me reconhecesse mais em mim e nem você em você. Eu queria gritar de tanta dor. Eu queria esmurrar o mundo, quebrar todas as vidraças, espalhar os cacos ao chão e caminhar por sobre eles, pés descalços para o sangue jorrasse finalmente e se movimentasse dentro do peito permitindo ao coração pulsar e viver. Eu não encontro palavras. Só sei sentir. Não encontro como expressar o sentimento, como dar visibilidade ao coração ferido. Mas ele está em cada linha, ele está em cada lágrima que escorre abundante pela face. A voz enrouquecida não consegue falar. A mudez destrambelha o peito e a dor pungente quer parar o coração... Não tenho, não encontro palavras para falar da dor...

Que você não sinta essa dor, que você encontre a paz em Deus e que siga teu caminho acreditando em teus sonhos e num caminho de paz para tua alma atribulada pelo medo e a dor da perda de teu amor... De longe te amo meu amor, meu filho amado. De longe eu sempre vou te amar.

sexta-feira, 21 de abril de 2023

 Mas pode ser assim... por caminhos de sonho... onde os pensamentos voam para distâncias longínquas e queridas... onde o mundo não é de estátuas de cavalos nem de caminhos livres... ou mesmo de mapas que podem ser seguidos... lá onde as horas não existem... e o relógio marca só o tempo que não foi... E os castelos só existem no coração...

que não pára de bater
nem de sonhar... com fontes que jorram palavras
e sentimentos...
e flores no portal
Rosas para viver o dia
onde a morte não tem vez
E as flores fazem o feliz...
nas janelas da vida...
nos espelhos da alma...
Tão longe do chão...



o tapete para os pés incansáveis
As belezas do caminho se ornavam de pingos de chuva
Outras se escondiam por entre os verdes
Esquinas eram nossas sinaleiras
De que o destino estava próximo
A paisagem de repente mudou. As casas se vestiram de pedras negras as "shivas" .
E a cidade tinha um ar de tempo antigo
um ar medieval
Que a cidade parecia carregar em cada janela ou telhado
Os passantes eram gentis em dar informações para os
navegadores errantes que procuravam
o que nunca tinham visto
m buquê de boas vindas na porta da casa
o amanhecer
Com as folhas serenadas da chuva
E as florezinhas desejando um bom dia
pra quem madrugou
e passeava por ali
As gotas de lágrimas também estavam no coração
que nunca mais deixará de chorar a sua dor
E mesmo o encanto da natureza matinal
não apagavam os pensamentos e sentimentos da alma
Os olhos se perdiam no rendado das folhas
Espiavam o mundo lá fora com cuidado
E as flores vinham apaziguar o choro interior
com sua beleza e sua simplicidade
Miúdas e azuis - feitas pra uma Maria a alma acalentar
Coloridas para aquecer o coração
Nem todo o  tempo se estava em solidão
Nem todas flores eram para só este coração
Ao longe o colorido chamava atenção
Pareciam beijos no amanhecer
Selados na paz e calmaria das manhãs
Caminhar em solitude de vida
Vagar por entre os perdidos do pensamento
Sonhando
mãos dadas e um abraço quentinho
Mas tudo era só silêncio e solidão
Distante o arvoredo parecia dormir
Esperando as réstias de sol surgirem para aquece-los
na manhã gelada e molhada
Aos poucos o dia foi clareando
E a neblina se dissipando no céu atrás das árvores
A natureza já brilhava mais
E o sol começava a secar as gotas de lágrimas
enquanto novos botões se formavam
e lançavam-se em direção à luz
Talvez eu devesse aprender com eles
Que independente de tudo sempre somos botões de luzes
E somos fortes como os carvalhos nas manhãs
E imponentes como os pinheiros do campo
E mesmo em meio as águas da manhã
Podemos estender os braços de flores
sorrir primaveras em meio as lágrimas de amor
presentear rosas ao próprio coração
Pétalas de amor em todas as direções
Semear o pólen da vida
Mãos estendidas em direção do céu
e as antenas da alma sintonizadas no divino
dispostas as borboletas e suas asas
ou prontas para o zumbido dos colibris
ou das abelhas que ali colhem o néctar da vida
Sempre podemos nos fechar em momentos de reflexão
Ou nos abrir em estradas para os próprios pés ou para os passantes
Mas importante é sabermos para onde queremos ir
e de onde viemos para sempre saber o caminho de volta


As lágrimas são pérolas que coração joga ao vento
Assim como a flor expressam todo o amor que vai na alma
Mesmo um pequeno mimo do campo encanta os olhos
Enquanto o dia já vai pela metade e as flores já são outras
Agora ornadas de sol e verde da tarde
Simples, queridas... doces...
Cheias de esperança
roupagem verde para o muro de pedras
Ou vestidos aveludados de sonho
Coisa mais linda as flores na varanda
Ou as sementes altivas dos pinheiros
Um larzinho de alguém, canto de amor
janelas maravilhosas e suas jardineiras
Detalhes que aos olhos encantavam
Cores e belezas
Campanas amarelas da cor do sol
Vês os detalhes dessa flor? São como estrelas
Lançam faíscas de cor e belezas
Mas há outras que vivem no escondidinho
E aquelas que revestem paredes e janelões
tem os botões ainda em formação
a mistura que encanta
A singeleza da minha flor preferida em meio ao azul do meu coração
E a beleza e o toque de charme rosado
Ou o encanto das petúnias e hortências
um brinde aos olhos atentos da tarde

Uma pequena e exótica flor cruzou meu caminho
Parecia uma rosa mas quem diria que era? Não sei...
Enquanto lá do outro lado, na estufa as margaridas amarelas...
Ou o cheiro gostoso das flores de mel
Pequenos botões se abrindo em todas as direções
Cores que parecem nem existir
sem palavras para falar da beleza
saias rodadas de belezas
o veludo bordô respingado de chuva
a pelúcia rosada
As flores de mel com cheiro azul de amor
Refletindo belezas
toque de luz e simplicidade da meia flor
Vestido matizado

Outro de ouro ornamentado
Meus encantos azuis
Se voltam em direção à luz como nós
voltamos a face do coração em direção ao amor
e das águas brotam belezas inimagináveis
Que iluminam a tarde

Portões e trilhas que se abrem
E flores exóticas pra enfeitar a despedida
Riquezas que os olhos ainda encontram
A corda e o tronco são quase um só
pertencem um ao outro e fazem de tudo para sempre
ficarem unidos
Tudo aqui é imbuído de simbolismo
E tem significados que minha própria alma desenha
Enquanto percorre lentamente o caminho  de volta
Ainda há tempo para olhar as marcas no tronco
Ou contemplar o lagozinho de pequenas vitórias-régias
Onde os ramos se espelham e se veem
ou se escondem por debaixo da folhas em forma de coração
A solitude da vida é visível num banco vazio
Podíamos estar ali, nós dois e o mundo de amor
de dentro do peito
mas só as flores podem ter a cor e amor que merecem
Porque elas o expressam nas flores que jogam ao ar em profusão
Ramagens de pequenos botões de luz
Papoulas amarelas viradas em sorrisos
Conjunto de despedida da tarde que já vai longe
o retorno a pé por caminhos e estradas assim
preenchendo distâncias e enchendo os olhos de luz
O caminhar por entre as trilhas já feitas
Portões e trilhas levam a mundos novos e desconhecidos
Estradas sempre levam para algum lugar
Enquanto o tapete de folhas mortas
E as placas do caminho
Diziam que ainda havia estradas
as quais os pés
poderiam seguir...

 vamos seguir por esta estrada. Talvez ela nos leve pra algum lugar, além dos tijolos amarelos... um lugar de flores brancas e miúdas, de escadas que conduzem à floresta, e fazem os pés trilhar tapetes de flores Caminhos de esperança e paz lugares de descanso e refrigério Onde a vida é mais colorida e as belezas latentes brotam do chão em profusão ou abraçam as janela da vida como um coração aberto no peito que tremula beleza como as do jardim e iluminam os cantos da vida com o azul do coração a cor dos sonhos e do perdão a cor do amor que qual os miosótis encantam e fazem o mundo brilhar mais


Em todo o canto uma flor Em cada folha uma cor diferente Um broto e luz e vida uma placa anunciando um novo mundo  Gigantes os pinheiros do caminho Que fazem trilhas de folhas secas No caminho um momento para descansar Mas depois sempre seguir adiante Na floresta imensa e negra (Floresta Negra) Com as flores da beira do caminho A enfeitar de luz a caminhada. 


Hoje há flores no meu caminho E a floresta de pinheiros brilha pelo mar de flores que Deus hoje colocou no meu caminho. São como tapetes para meus pés de sonho...E nas imensas trilhas da Floresta Negra eu tive a certeza de que passe o tempo que passar eu jamais, nunca, nunca mesmo desistirei dos meus sonhos E que mesmo que vários caminhos se apresentarem diante dos olhos mesmo as porteiras fechadas mesmo os galhos diante dos olhos E a luz ofuscando a visão Eu traçarei meus caminhos E mesmo que a dor jamais me poupe Eu sei onde meu coração está encravado e conheço o que nele vive E nada, nem ninguém vai tirar isso de mim e mesmo que seja na mais completa solidão mesmo que todos me abandonem que você me abandone pra sempre Ou que os caminhos sumirem de diante dos meus pés E que só possa ver o mundo depois que ele passou Minhas raízes estarão firmes e mesmo secando as minhas folhas ou se eu perder o foco de mim mesma construirei minhas estradas E farei brotar flores em meu coração Porque nele não há mais lugar para cardos e espinhos mas sim para a beleza do amor e da vida E a vida é o dom que quero pra sempre ao meu redor - me dando forças para viver e novos caminhos para os pés cansados   Um portão aberto e desejos de boas vindas E mesmo que não haja mais cartas no mensageiro do tempo Sei que meu amor é forte como o carvalho é refúgio e fortaleza E será em meu coração sempre um jardim Com uma única certeza Há sempre um caminho por onde andar E um lindo lugar para pousar a alma e viver os minutos da vida  construindo pontes Brincando com a vida observando o mundo e as coisas do mundo e as gentilezas que a natureza nos dá Como uma casinha no meio da mata Um lar no caminho dos anjos Uma distância para o silêncio e a reflexão e a visão do belo e do perene ou a imensidão a perder de vista O jardim de Deus O charme da vida As trilhas no capim As doçuras que meus olhos viram Até no cão que carrega a madeira para seu dono e as flores silvestres que se esparramam em belezas E fazem a alma sorrir Como a muito tempo não sorria o Azul preferido A chuva de ouro Cachos de luz cascatas de sol uzes de sonhos tapete verde A diversidade A sombra mágica vivaz  Sangue e luz cores de outono cor de maria Flor de esperança Diferente e mesmo sempre perdendo o jogo Vale a pena viver E acreditar no amanhã endo no peito um coração que sabe amar e que vive desse amor pra sempre assim, assim como vivem as lindas flores nas janelas da vida...

terça-feira, 18 de abril de 2023

É belo o sentir e a certeza de ter o sol num brilho raro entre os vãos dos dedos ou piscando beijos de luzes na linha do horizonte de uma tela da vida. Também em distraio no vento ou na brisa do mar ou, quem sabe, no canto das aves que beijam o céu estrelado e nacarado de sonhos. Sou eu o sal, o fogo e a brasa que vês, que sentes... se venho no teu pensamento... veja-me, sintaa-me... pois belo é o sentir e bela é a vida que vem, que passa e que caí, como a folhinha do calendário da parede, no vão entre o lado de cima e o debaixo da minha ampulheta do tempo. 


Quantas vezes joguei a fita no azul procurando agarrar as gotas desse brilho raro que encontrei no céu de um jardim de primeira página. Quantas vezes lutei para me deixar fisgar, machucar pelo anzol da vida... prender e soltar quando e como o vento quisesse...

E sequei lábios rasgados, sangue escorrendo dos olhos, boca dormente pelos machucados da linha, pelos vazios que me abraçavam e não me largavam mais... Presa da dor, nem consegui inventar outra história pois a minha jamais teve fim... 

Quantos vãos no pensamento, quantos abismos se formaram e por eles naveguei ou caminhei milhões e milhões de eternidades em busca dessa memória de uma nova história que ainda não sei... não conheço para além da tela aquarelada de luzes... 

Que saudade dos fiapos de lágrimas, da troca de trapos, das conversas entre as varas que seguravam anzóis que a si próprias se pescavam... 

E neste ir e vir do Sol, neste pegar e largar da vida, também fui, tantas vezes, ceifada em minha visão pelos feixes de luzes que jogavam no meu rosto ao cruzar dos faróis. 

Tudo era cristalina/mente claro, sorrateira/mente escuro... mas eu só via, como tu, a fita azul e a ponta do anzol... e sonhava (sonho) ser um coração, ser isca... para - no momento de sua travessia entre um corpo e outro de alguma estrela - para todo o sempre fisgar o mar... 

  

Nem sempre o grito do peito é ouvido pelo abraço querido, nem sempre saber pisar nos leva para algum lugar - pode, também, nos fazer parar de caminhar... O coração no lugar certo também não quer dizer muita coisa, pois é só quando sai de si em direção a outro coração que a gente se encontra, se acha. 

Eu vivo inteira nas nuvens e o vento me sopra para onde ele quiser. Sou como folha do pensamento com as mãos estendidas à beira da estrada pedinte de uma voz que me fale... 

Eu nunca parti, mas sempre corri atrás de quem estava partindo... Agora, olhando das nuvens, tão longe a terra, tão perto o Sol, mas os sonhos... tenho medo que se percam, se calem ou... se transformem, irrealizáveis, em cimento na calçada de um tempo que voa e não quer mais voltar... 

sábado, 4 de fevereiro de 2023

Eu te amo. Te amo agora, percorrendo as veias do teu coração e me aninhando feito deusa em seu interior, fazendo dele meu lar, meu palácio de viver, meu território de só amor e amar. 

E me deixo tocar por tua luz, brilhar pelos raios que me chegam à face, tocam meus olhos, cabelos, a boca que, ansiosa, aguarda sedenta teus beijos de amor. 

e quando você me sussurra: te quero agora, Maria!

Meu ser todo ouve e se expande, se dilata latejante, o coração ansioso, as mãos desejosas e angustiadas pelo teu toque, pelo teu caminhar sereno e ao mesmo tempo elétrico, agitado em meu corpo, pelo momento sublime de tua boca na minha, teus lábios tocando os meus num beijo profundo, demorado, cósmico, que faz com todo nosso corpo incendeie, se perca de si, se derreta a quatro mãos.

Nossos corpos se mesclam, se juntam, se colam, se fazem um - em tanta querência, tanto amor e paixão. 

Nesse mesclar de desejo e paixão nossas mãos se colam e se transformam em asas que nos abraçam, acariciam cada parte da pele, amainando a ânsia de amar.

E desejo de estar um no outro, o sonho desse momento único e belo entre um homem e uma mulher onde não sabemos mais onde termina um e começa o outro, somos um só, corpo, alma e espírito.

 O madrugar em teus olhos contemplando juntos o amanhecer - que preciosidade. Ver aos poucos as cores do céu mudando, a luz chegando e dissipando a escuridão. Ouvir a passarinhada em sua hora de acordar em seus voejos em busca do alimento. 

o café quentinho na cadeira de balanço olhando juntos as montanhas ainda enevoadas ao longe.

Você sorrindo estrelas e luzes ao meu lado, cochichando teu amor, teu desejo e tua paixão.

Teus olhos, com os meus, percorrendo as folhas balançando ao vento, sendo acariciadas pela brisa.

A vida fluiu serena e azul em nosso amanhecer na varanda da casa. O contemplar da aurora, o estar juntos, a riqueza de amar e ser amado, a plenitude de compreender esse amor cuja beleza está em estar junto, perto, dentro. 

Quero viver como essa cacheira que esbanja vida através e pelo rio que corre e despenca, livre, em seus costados. Quero ser esse pôr-do-sol reluzente, essa energia viva e o calor. A recordação do teu coração, a memória da tua alma das batidas do meu coração quando se inclina ao teu amor. Peço ser o vento que toca teu rosto e te faz lembrar de nós, o contentamento que se amplia à felicidade. O silêncio que aquieta os barulhos do dia e os que vem de dentro e nos fazem ser. Quero ser a mais bela recordação, a batida do teu coração, a força do teu viver. 

Quero ser também as mãos que tocam piano, a música que entra por teu ouvido chegando ao âmago do teu ser, arrepiando a alma, desmantelando reservas e constrangimentos, aplacando a timidez e o medo. Essa melodia que, serena, vai fechando as pálpebras e faz imaginar o sonho, faz revoar as asas em busca de uma nuvem que possa nos aconchegar e se fazer vida, amor e lar.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

 chega um dia em que as roupas no armário acabam, deixam de existir, porque descobrimos que viver a nudez de si mesmo é a mais perfeita vestimenta. Pode até, se necessário, ser a camuflagem perfeita. Ninguém que vive eternamente fantasiado suporta viver muito tempo ao lado de quem veste sua própria alma e segue sem se importar com o que os outros vão pensar ou falar.

  reflexão, quando ocorre, é a parte final da transformação. Na verdade, o ser o novo eu já aconteceu quando é mera expectativa, sonho ou utopia. A mudança no tempo e no espaço acontece Agora. 

 Os dois lados da beleza da vida. A flor e o espinho. A felicidade e a dor. Viver também dói, mas a ânsia de viver nos devolve a felicidade de amar e ser amado.

 Reconhecer-se e encontrar-se no outro, que dádiva! A vida é um imenso jardim de amor e plenitude. Quando abrimos os olhos e podemos ver o amor habita em nós.

 A fome de luz também é dolorida, a fome de palavras, a fome da beleza e do encanto da vida. Sempre que nossa alma estiver a procura, mesmo encontrando, sempre haverá um sentir, uma descoberta, um nascer e um morrer que a alma diz: "sofro"... É porque a flor também tem espinhos, as estradas tem pedras, as águas podem esconder perigos, poços... Tudo na vida tem dois lados, dois passos ou duas faces... Que possamos compreender essa dinâmica e viver a felicidade dos encontros e das descobertas, mesmo a dor do espinho na carne, a dor da descoberta de sentimentos, do conhecimento, do aprendizado, do caminhar estradas com todas suas pedras, tempestades, fogo, lágrimas e risos... Em todas o amor está presente, a felicidade faz parte, a paixão aumenta a fome de viver.

 O toque do perdão na alma em busca da paz é o caminho para encontrar o almejado pelo coração. 

Começos ou recomeços sempre trazem lembranças queridas a caminharem, mãos dadas, no novo caminhar. 

 assim quando nos encantamos com uma flor, um cravo ou uma rosa do jardim. Nossos olhos não a perdem de vista e nosso coração vai sempre visita-la para sentir o seu cheiro, para se encantar, mais um vez, com sua cor. 

 Quando a felicidade invade a alma e o coração tudo fica pleno de alegria. A vida desenha nuances com novas cores e o vento beija as flores levando em sua asas sementes de feliz eternidade. 

O tempo de hoje é o único que temos. O ontem não existe mais - só pode ser lembrado. O futuro não existe - é para ser sonhado.

 Carrega a essência dos amores antigos, dos amores de alma que trilham vidas em busca de si mesmos até se encontrarem no lagar do tempo e neste entrecruzar de asas seus corpos se unem e se transformam num único corpo, num pássaro de luz e asas lampejantes em seu revoo de vida e eternidade

 Reconhecer a impermanência da vida, a efemeridade do tempo, a transitoriedade das horas que vão e não voltam mais é absorver o conhecimento a nós entregue, com olhos de aprendiz que ainda brilham e fazem da alma morada do milagre e do belo. Essa capacidade de observar a partir dos sentimentos que nos atravessam, do retorno das profundezas de nós mesmos, do poço da alma em ebulição - é a explicitação do processo de maturação, de crescimento e transbordo do conhecimento adquirido e da liberdade de se saber quem se é, ser quem se é, saber-se necessitado de absorver esse saber, se reinventar e aprender com a travessia do barco da vida em busca de si mesmo e do outro em nós.

 Penso que todos passamos por momentos como esse, onde não sabemos nem explicar direito o porque do que sentimentos, pensamos, vivemos. Mas tudo passa e novas auroras vem todas as manhãs

Também quero morar dentro de um abraço. Como uma náufraga em busca de ar, nele me aquietar e não mais sair. Respirar. Sentir. Ouvir a voz que me sussurra: eu te amo. Sentir a mão que me toca e acolhe, que me acarinha a face e a alma. Me deixar inundar, profundamente, desse calor, desta paixão, de teu amor que mora dentro de um abraço. 

Um coração desalinhado é um toque de mãos dadas na tarde de sons que se desenham no papel em branco. Quando desalinhamos de nós é porque nos alinhamos no outro. E esta é a trilha do amor verdadeiro. Contemplar-se e não se ver mais sozinho, alinhado a um corpo sem vida. Contemplar-se e ver-se alinhado a outro coração, num corpo que dança, sem rosto, num rosto que dança sem corpo. Só precisamos disso, de nos alinhar à completude do Ser. Não mais eu, mas Nós, não mais tu, mas Nós! 

Também me busquei em lugares inóspitos, em sendas e penhascos ou desbravando mares bravios e tempestuosos. Quantas vezes também chorei, perdida, em becos escuros, em ruelas mortíferas e ruas sem saída. Tudo em busca de me encontrar. Nesta empreitada quantos se embrenharam nas mesmas estradas e me gritavam ser este o caminho inverso, enquanto eu avançava? No meu encontro comigo mesma fazia uma cruzada de primeira página por caminhos de princesas e rainhas. Foi quando bati de frente com o homem embrulhado em seu próprio caos. O choque da descoberta de mim mesma repercute até os dias de hoje e continuará ressonando na eternidade. O eco de minha voz muda em frente ao espelho impacto na alma e no coração. Senti meu cheiro, reconheci meu Eu. Nascia em nós, uma nova nebulosa, uma Andrômeda cósmica e bela, cuja melodia do nascimento ressoa ainda em nosso coração, em nossas mãos de poema.