quinta-feira, 5 de outubro de 2023

 Um silêncio se derrama sobre o cílio dos olhos. Um olhar adormecido de sentimentos por nuances que se desenharam no emaranhado dos dias. É preciso silenciar para tentar compreender o medo de perder, o medo de não ser dona de nada a não ser do tempo que passou. O medo mais profundo é aquele que me veste os pensamentos de que teu amor não é meu, mas de outra mulher e que a mim só a poesia é amada. O medo de nunca tocar você, de nunca ter o beijo sonhado em meus lábios, de nunca sentir teu olhar de amo em minha face, em meus olhos... me dizendo: sou teu! só teu!. É esse medo que me grita para desistir agora para não sofrer mais amanhã.. É esse medo que me diz: Maria, nunca o terás! Ele pertence a outra e já te deixou bem claro isso.  São essas coisas que me passam o peito, que me transpassam e mente, que não tem me deixado falar, que não tem me deixado escrever. 

Eu tive medo de falar com você porque tive medo de ouvir você me dizer que ama a Jana. E eu sei que você não teria brigado comigo como brigou se não fosse isso. E tenho medo que eu precise abandonar tudo, parar de escrever, parar de te ver na telinha, parar com tudo, ir embora pra outro mundo, outro lugar para não sofrer. 

Eu tive medo de falar com você e ouvir você me dizer mais uma vez o que já me disse: não vai ter um relacionamento, minha vida é com a Jana. E então eu ter de tomar a decisão de nunca mais te escrever, nunca mais te ver, nunca mais falar com você, sair de tua vida de todas as formas para não sofrer. 

Meu silêncio, meu estar quieta, sofrendo, chorando, pensando, refletindo é pra ter coragem de tomar essa decisão. 

O meu silêncio é o medo de continuar desse jeito mais 10 anos, mais 20 anos, ou ano nenhum... eu não quero mais isso pra minha vida. Não é mais suficiente depois de tudo, depois de te ver, de te saber ali tão perto, mas ao mesmo tempo tão longe de meu toque, de minhas mãos. De te saber na torre de meu subsolo e não poder abraçar, beijar, tocar...  É muito dolorido. Muito.  

O meu silêncio é porque sei que preciso tomar uma decisão e preciso ser forte para isso. E não vejo força em mim. Me vejo tão pequena, tão, tão, impotente. 

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