Quem está dentro está sempre perto, junto. Caminha na beleza desse ser um só, dessa conexão transcendente e profunda. É o sonho acalentado: que todas as distâncias sejam dirimidas, as geográficas e as do coração. Só assim se vive a alegria plena, a felicidade dos sentires em toda sua grandeza e completude.
Não há como abrandar sentimentos. Eles são. E como são são vividos. Em toda sua força e expressão. Os olhos se olham e, olhando-se, se descobrem em cada sentir experienciado, em cada sentimento que dança livre dentro do peito e transborda pelas beiradas dos olhos, pelos movimentos emudecidos dos lábios e do coração. Habituar-se a se olhar e olhando-se se permitir descobertas é o que nos faz saber mais sobre nós mesmos, sobre quem somos só para nós mesmos, na profundidade de nossa essência, do nosso ser.
Permitir-se se olhar e olhando-se conseguir visualizar o desconhecido em nós, navegar em ventos contrários - admitindo a existência de nossas profundas contradições, ziguezaguear no indizível - mas que tanto se pede para vir à superfície, surfar nas ondas do tempo desenhando o esboço de novos caminhos para os pés, fazer a releitura do que está escrito nas paredes de nossas cavernas interiores, conferir as anotações nas margens das páginas, as tintas que tingem o que consideramos importante, as nuances de nosso próprio ser - em seus princípios: de identidade e de contradição... É a dialética da vida que a si mesma se faz para conquistar o que diz o filósofo "eu sou e não sou quem eu sou"*.
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