sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Ao longo dos séculos e milênios em que vaguei sozinha pelo céu de constelações e galáxias nunca parei para ver o espinho cravado no peito, nem o sangue a escorrer das veias manchando o chão das estrelas. Não sentia mágoa ou rancor. Nem sentia mais dor. Ela há havia anestesiado meus sentidos. Tinha um único objetivo: desautocentrar! Olhava só para o Sol. Foquei nele os meus olhos. Voava em sua direção. Se os ventos eram fortes, pousava num galho seco, asas fechadas e molhadas e aguardava a tempestade passar. Se o Sol brilhava ou, mesmo se o dia se fizesse enevoado e nublado abria asas e voava. Planava nos ventos calmos e mornos. Amarrado às minhas costas um fio. Preso a ele um envelope. Levava meu coração e desejos se sempre felicidade. Entreguei mil e mais mil e milhões de vezes aquela missiva. Queria só que no abrir do envelope da vida um sorriso se abrisse no olhar do Sol. A sua sempre foi e é a minha felicidade!

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