Quantos de nós, cosmopolitas de ser, não andamos em caminhos duvidosos, muito duvidosos pelas ruas e vielas do tempo? Quem já não foi dono de quatro flores sedentas de amor, carinho e joias de enfeitar? Que jogue a primeira folha de lantejoula quem ainda não se perdeu nas dunas de Afrodite ou não foi ferido por um espinho de uma rosa ou um cactus do dito amor. O jeito é fazer roçado de fazenda pra arregimentar mãos de trigo e pão ou vender palitos e remexer colheres nas terras da Dona Mariazinha e do Seu Bastião!
Isso é porque o tal do Bastião não tem jeito. Vive enrolado numa saia ou lantejoula por aí. Diz que vive sozinho, até sem carro, "ando a pé", me diz. Mentira! Tem até carro ano e finge que não consegue nem mais ir na padaria comprar o pão para o café da manhã tomar. Que nada! Enquanto Mariazinha acredita nas lorotas do Bastião ele só quer saber de na rua zoar. Anda com quatro mulheres e nem fica vermelho em admitir. Diz que são mulheres de amor, carinho, mas reconhece que querem joias e não vivem sem um tostão do Bastião. Ah! O moço ainda fica triste que perdeu as madames. Contou que se achava dono das quatro, mas descobriu-se ele adonado por elas que lhe mandavam e ainda lhe davam um montão de carinho, mas transformaram a vida do Bastião num inferno de dívidas e prestações. Perdeu a fortuna o coitado. Ficou pobre, desamparado. Foi atrás do amor das Afrodites e caiu nas dunas de um golpe fenomenal. Perdeu as mulheres, as lantejoulas e as saias voaram pra outros colos. Ficou pobre e sozinho o Bastião. Mas o homem é esperto. Sem um tostão rumou pra Vila dos Vinténs ao encontro da Mariazinha, a mulher que faz o pão pra padaria para o café do Bastião. Lá, ganhar um pedacinho de pão e marmita na bodega do Seu Rui, Bastião faz roçado de fazenda e ainda rinha com a mulher dizendo: agora sou peão de roçado, e ainda sofro sem carinho, sem beijo, sem saia ou abraço apertado, mas sou feliz porque vendo meus palitos e remexo as colheres da Mariazinha e cosmopolita já fui!
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