E um canto raro semeia sonhos por entre os chapadões do passado. Uma Arana deleita a alma num voejar de suas asas por sobre o vazio de si mesma. É quando o fardo do vazio transborda que a ave rebrota e eiva poesia das unhas e pés enlameados da chuva que caiu na terra árida e quente. Preciso dizer-lhe que também já andei pó, espichei o olho para o céu em busca de um poema e virei-me do avesso para chover chuva em meus próprios desertos interiores. Revirei carcaças em busca de palavras e sinônimos que descrevessem a criação de um novo sentimento, mas encontrei apenas retalhos para expressar o desdobrar-se da flor numa folha de papel em branco. Foi quando me encontrei, desenhando-me borboleta. Asas abertas, procuro a poesia que borbulha dos dedos, que desaba em nosso colo feito esperança, voa num céu azul imantado, acordando nossas profundezas, nossas asas e raízes que eternizam nosso lindo amor.
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